Essa é uma dúvida que carrego há
tempo. É algo que chama minha atenção e que me deixa com uma pergunta entre os
lábios: Por quê?
Estou me referindo ao fato de ter
observado em currículos para livros, palestras, cursos, e outros, que as
mulheres misturam os dados pessoais e os dados profissionais. Percebi ao longo
dos anos que algumas mulheres colocam frases como: esposa e mãe, ou avó do Dieguinho
e da Mariazinha.
Nunca vi um currículo
profissional masculino dizendo: sou esposo e pai, ou sou avô do Dieguinho e da
Mariazinha. Parece que enquanto os homens se orgulham do fato de serem
altamente profissionais, as mulheres querem comover dizendo que são esposas,
mães ou avós. Um psicólogo amigo disse-me que isso é manipulação. Um intento de
tocar o coração dos outros. Segundo ele, essas mulheres têm medo de não ser
suficientemente boas na área escolhida. Escrever no currículo profissional “sou
esposa e mãe”, ou “sou avó” seria uma forma de apelo emocional.
Isso me faz lembrar uma tira
cômica da Mafalda do cartunista Quino. Susaninha, a amiga esnobe da Mafalda, e
outro menino vão começar a jogar xadrez. Susaninha está sentada com uma boneca
nos braços, olha para o menino e grita: Você não vai se atrever a derrotar uma
mãe, vai?
Na minha opinião, e posso estar
errada, se uma mulher coloca no currículo profissional que é esposa e mãe, não
acrescenta nenhum dado importante para o trabalho que desempenha (sempre que o
trabalho não for cuidar de crianças ou afins). Além disso, sejamos honestos,
depois dos 30 anos, o mais comum é que as mulheres sejam esposas e mães, como
os homens, esposos e pais. Depois dos 60 anos, o mais comum é que as mulheres
sejam avós.
Durante tanto tempo as mulheres
lutaram para ter um lugar ao sol. Lutaram e ainda lutam para serem
profissionalmente reconhecidas, por que, então, ao escrever um currículo, não
respeitar os limites entre a vida familiar e a vida profissional? Essa é uma
pergunta que não quer calar.
Isabel Furini é escritora, poeta
premiada e palestrante. Autora de “O livro do escritor” da Editora Instituto
Memória. Orienta oficina para futuros escritores no Solar do Rosário, fone (41)
3225-6232.
Nenhum comentário:
Postar um comentário