quinta-feira, 26 de abril de 2012

GANADORES DEL 2° CONCURSO INTERNACIONAL POETIZAR EL MUNDO


Recibimos 755 poemas. Agradecemos mucho a todos los poetas que participaron. Los trabajos son excelentes, y el jurado trabajó mucho hasta llegar a uma decisión. Gracias a todos.

1° Lugar
PERLA EN EL UNIVERSO

Hermosa como ninguna, la tierra sigue girando
entre el paso de los siglos y un mundo que va cambiando.
Maravilla incomparable, sueño de tantos poetas
que han dedicado sus versos a este excelso planeta,
y a sus colores de vida que el universo refleja.



Sheina Lee Leoni Handel
Montevideo, Uruguay


2º Lugar
EMPÍREO


Escribir es morir a cada instante
y también soñar
poder dar a la existencia un aliento de muerte cada noche
pero no escribo
únicamente vomito lo invisible

Pavel Carlos Muñoz Ayona
Lima, Peru

3º Lugar
SENTIDO

No es que perdi el tren
porque estuviese atrasada
es que yo esperaba
en el outro sentido.



Autora: Ester Buffa
São Paulo, Brasil

4º Lugar
1 (Uno)

Miráme,
ayudáme a contemplar
los profundos ojos
del niño antiguo.
Me avergüenzan.

Darío Alejandro Paiva
De Buenos Aires, Argentina

5º Lugar

A última Nana


Antes que la noche escribiera
un final azul bajo sus párpados,
el cuento perdió la última hoja
y las hadas cayeron
                        al vacío.
Erick Edilberto Estrada Quispe
Arequipa - Peru



6º Lugar
CAMINO
El sol,
se ha escapado de la humanidad.
¡Qué extraño!
una niña alumbra el camino.


Yajaira Coromoto Álvarez Giménez
Barquisimeto, Venezuela

7º Lugar
RUMBO A LA DEMENCIA

En el límite exacto de la sensatez
y en extraños estados de tiempos no vividos
(huelo su aroma)
transporto el dedo índice hasta mis sienes
cual bala penetrando en mis deseos.

Gloria Olguin
 IQUIQUE – CHILE


8º Lugar

CAMINO LA TARDE

Voy caminando la tarde, me ayuda a recordar
en este viaje de ida conmigo los años van;
insiste, insiste la tarde en las cosas que hice mal…
pero la vida me dice: Basta ya de llorar.
Dios te ha puesto la mesa con tu vino y con tu pan.

Ester García
Buenos Aires, Argentina


9º Lugar

XIII

Olvidé que aquel árbol estaba allí creciendo
ahuecándose dentro
no me culpen si arrastro tantos bosques desechos
ya no tengo familia
hay un túnel. He muerto.



Claudia Alemán Concepción
La Habana Cuba


10º  Lugar
Mares

A veces somos mares tormentosos sobrevolados por incontables gaviotas
otras veces somos el mar calmo y sin gaviotas
otras veces somos el mar que se ondea tranquilamente y las gaviotas bajan…
en ese punto la soledad se diluye ...y la gaviota muere de amor.


Catalina Sánchez Bohórquez
Bogotá, Colombia

sábado, 14 de abril de 2012

Carlinhos e Carlão

Aniversário de Alberto. Meu irmão, o Carlão, virá com alguma de suas loucuras. Já o presenteou com um vômito de plástico, com cocô... nem sei de que material, parecia de verdade. Deu copo com mosca, refrigerante que faz babar... O Alberto queria matá-lo, até que...

– A sociedade está perdendo os valores éticos. A sociedade de consumo, consumiu nossos valores! – gritou Alberto para finalizar o discurso. Os alunos aplaudiram. O diretor não gostou. Os pais deram queixa: o professor Alberto usava da retórica para colocar os filhos contra o sistema. Foi demitido.

Alberto era o único dos três irmãos que estudara. Meu sogro, ao morrer, deixou uma chácara para o mais velho, uma padaria para o filho do meio e, para o caçula, uma poupança para terminar os estudos. Alberto formou-se em História.

Nessa tarde quente de primavera, Alberto aproximou-se do prédio, cabisbaixo. Eu falava no hall de entrada com dona Rosa, a velhinha do 504. Elevador em manutenção. Nesse momento, a Ramona, enorme como uma montanha, com aquela obesidade mórbida que é impossível ocultar – 175 quilos, descia as escadas. Roupa clara, florida, esvoaçante, parecia uma barraca. .

– Meninas – grita desde a escada – voltei a nadar e estou adorando...
Parabenizamo-la pela iniciativa. Ramona caminha até o carro – o estacionamento fica na frente do prédio – entra atabalhoadamente e se afasta. Carlinhos, meu filho, parece entretido com seu aviãozinho de brinquedo.

– Você não vai acreditar, mas ela nada bem... – comentei.

– Estranho, verdade..

– Estranho, nada – disse Carlinhos parando a brincadeira – Estranho, nada, baleias nadam bem... todo mundo sabe. Olhou com os olhos arregalados pela surpresa. Dona Rosa, a senhora não sabia que as baleias nadam bem?

Dona Rosa soltou uma gargalhada. Nesse momento entrou o Alberto. Lúcia, preciso falar com você, disse com voz triste. Perdi o emprego, murmurou.

– Vamos comer bolo, Carlinhos?... Podemos subir devagar – disse dona Rosa para amenizar a situação.

A notícia se espalhou. A família toda entrou em desespero. Os tios de Alberto, meus pais, os irmãos de Alberto, minhas primas. Todos estavam revoltados. Falavam em processar a escola, em processar o diretor, os pais dos alunos, até em processar o porteiro da escola. Só o Carlão permanecia tranqüilo.

Ainda lembro quando falamos sobre o assunto. Foi numa tarde. O Carlão ia cuidar do Carlinhos porque eu precisava consultar o médico e Alberto tinha uma entrevista de emprego. Estava do lado de fora, esperando-o . O Carlinhos brincando com um carrinho entre as poltronas do hall. Duas senhoras idosas, idosas mesmo, falavam sobre doenças, ao lado da porta. Uma apoiou-se do lado direito, e a outra, do lado esquerdo da porta. Desculpa o atraso, mana, disse o Carlão e entrou correndo, passando entre elas sem cumprimentar. Uma das senhoras olhou para ele e gritou:

– Juventude sem educação, passou entre nós duas e nem disse boa tarde.
Carlão virou-se e irônico retrucou: – Desculpem, achei que as duas múmias faziam parte da decoração do prédio. Eu baixei a cabeça e caminhei até o carro. O Carlão e Carlinhos sempre me faziam ficar envergonhada.

– O que disse o médico? – perguntou o Carlão.

– Só estresse... – respondi quase chorando... É que se Alberto não consegue emprego... não sei... devemos R$15.000,00 ao banco.... vamos perder o apartamento... Carlão.... onde vamos morar?

– Podem morar comigo...

– Você mora numa quitinete...

– É verdade... não se preocupe, já vai surgir alguma solução.
Eu continuei preocupando-me. Às vezes, o Carlinhos, com seus cinco anos, aproximava-se de mim – Por que está tão triste, mãe? Eu não respondia... não sabia o que dizer.

Uma semana depois, à noite, o Carlão chegou acompanhado da Marilda, a namoradinha loira. Entregou-nos R$ 15.000,00 em notas de cinqüenta... Foi a maior agitação, lá em casa. O Carlinhos pulava do sofá, subia e pulava novamente. Alberto achava que o Carlão tinha roubado. Minha mãe gritava que o filho não era ladrão. Eu perguntava de onde ele havia tirado o dinheiro.

– Ele não roubou, não... ele é um gênio! -exclamou a Marilda e deu-lhe um beijão na boca... desses de tirar o fôlego.

No dia anterior, o Carlão tinha solicitado falar com Osvaldo, o chefe. Osvaldo era um quarentão arrogante e egocêntrico. Metido a besta, segundo os funcionários. Era namoradeiro, um play-boy e bom gourmet. Foi recebido pelo Osvaldo às dezesseis horas. Sala grande, luminosa, computador de última geração.

– Admiro o senhor e por isso, tenho que falar. Bom, não sei se devo contar isso ao senhor, talvez... é... melhor outro dia.... Virou-se e deu dois passos até a porta.

– Pode falar, rapaz! O Carlão explicou que o assunto era muito delicado. Não sei se devo, não sei se devo, repetia.

– Por favor, sente-se. Qual é o problema?

– Seu Osvaldo, eu sei que temos nossas opiniões, algumas diferenças... mas eu admiro muito o senhor, por isso acho que devo ser honesto. O pessoal está dizendo... está dizendo... que o senhor...
– Sim?

– Pinto pequeno. Estão dizendo que o senhor tem pinto pequeno.... Desculpe, senhor, mas é o que estão dizendo.

Os olhos de Osvaldo ficaram enormes, injetados de sangue. Ele, o play-boy, o garanhão.... Pinto pequeno, eu????

– Estou contando para ajudar. Em seu lugar eu... daria uma lição. Reuniria todos os homens, baixaria as calças e faria notar o tamanho de minha genitália.
Osvaldo ficou em silêncio, os punhos crispados, a garganta seca. Serviu-se de um café e ofereceu outro para Carlão.

– Isso! Isso! Vou dar uma lição no pessoal.

Osvaldo chamou a secretária e pediu para reunir todos os homens da empresa – 185, na parte livre do almoxarifado. Ele iria discursar.

Osvaldo, de pé sobre um palco improvisado, esbravejou:

– Sei que estão falando nas minhas costas... sei que estão me criticando, mentindo sobre o meu pinto. Dizendo.. dizendo que tenho pinto pequeno.

Carlão, na primeira fileira gritou: – Abaixe as calças! Abaixe as calças!

Osvaldo abaixou as calças e mostrou, com orgulho, como era um homem avantajado. De hoje em diante, quero ser chamado de Osvaldo, grande pinto! Gritou e retirou-se, feliz. Os funcionários iam saindo e cumprimentando o Carlão. Você ganhou... cara! Nunca pensei que realmente conseguisse fazer o chefe abaixar as calças diante dos funcionários.

Marilda contou rindo que o Carlão tinha feito uma aposta. Apostou que conseguiria fazer o chefe descer as calças. E conseguiu. Todos os 327 funcionários da empresa, entre homens e mulheres, todos apostaram. R$ 50,00 cada um. São R$ 15.000,00 para pagar o apartamento e um troquinho para mim... disse o Carlão.

O dono, seu Eufrásio, ao saber da brincadeira chamou o Carlão. Criatividade é o que precisamos nesta empresa, disse. O Carlão mudou de setor. Foi para o departamento de marketing e ganhou uma promoção.

– O que fará hoje teu irmão?- perguntou a prima de Lúcia, enquanto arrumava os brigadeiros.

– Alguma brincadeira... como sempre, agora é chefe da empresa, mas não mudou.

Soou a campainha. Os convidados estavam chegando com presentes para Alberto. Beijos, abraços, frases como: o Carlinhos é um amor, é muito fofinho... Onde está o aniversariante?

Carlão trouxe um presente para Alberto. É para festejar seu novo emprego na faculdade, falou. Um charuto fino, um cubano. Alberto acendeu. Explosão. Risos. Alberto foi lavar o rosto. Tinha ficado preto. Lúcia aproximou-se dele. Você não sabia que ele ia fazer isso? Sabia, Lúcia, eu sabia, mas depois de tudo o que fez por nós... decidi entrar na brincadeira.

Publicado no livro: "Ele e outros contos"

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Viver ou ver a vida passar? Crônica

Penso que A VIDA É UMA VIAGEM. Não podemos ficar como barcos encalhados.

Nos anos 90, uma amiga me convidou para participar de um curso de organização mental. Para reconhecer afinidades entre os participantes, a professora, já na segunda aula, deu-nos um questionário. Uma das perguntas era: o que você quer mudar de sua vida?

Céus! A maioria de nós queria mudar tanta coisa que ficamos surpresos porque minha amiga disse: Eu não quero mudar nada, quero que tudo continue igual, sou aposentada. Uma vez por semana vou até Araucária para ver minha cunhada, uma vez por mês desço à praia para comer um peixinho em Paranaguá e duas vezes no ano vou ao Rio para visitar minha irmã. Eu não quero que nada mude.

– Mas você não disse ontem que mora sozinha?
– Sim, mas eu gosto de morar sozinha.
– E não disse que não gosta do clima frio de Curitiba?
– Sim, mas eu não vou mudar de residência.
– Você não disse que gostaria de cantar?
– Sim, mas tenho tempo de participar de um coro. Eu tenho minha vida bem organizada.
– Desculpe, mas se quer que tudo continue igual, quer dizer que não tem nenhum sonho? Nenhuma meta?
– Não! Já fiz tudo o que eu queria na vida. Entrei em uma empresa como estagiária, antes de terminar a faculdade, trabalhei lá toda a vida e me aposentei. Não quero nada novo, quero que minha vida continue como está.
– Parece que deixou de viver... – afirmou a professora.

Um dos alunos, um rapaz muito brincalhão, exclamou:
– Parece uma morta-vida!

E a namorada do rapaz começou a caminhar como um zumbi pela sala. Minha amiga ficou zangada e reclamou dizendo que quando eles envelhecerem, verão como é a vida realmente.
- Desculpe, senhora. - disse o rapaz - Idosos também têm sonhos. Veja o caso de dona
Claudina (a velhinha estava sorridente), ela quer conhecer as pirâmides do Egito. Para mim o problema não é que a senhora seja idosa. Para mim, o problema é que a senhora já morreu e ainda não sabe disso.

Eu fiquei impressionada porque esses jovens me apresentaram um retrato de minha amiga que eu não conhecia. Eu tentei falar com ela, mas ela não queria dialogar. Não queria mudar. Entendi que era o momento de afastar-me dela, pois precisamos de amigos vivos, com metas, com sonhos, com alegria. Pessoas capazes de dialogar e, se for preciso, de criar mudanças. Não importa aposentar-se de um trabalho, mas não podemos aposentar-nos dos sonhos, porque a vida é um constante aprendizado.

A VIDA É UMA VIAGEM. Não podemos ficar como barcos encalhados.



Crônica de Isabel Furini publicada no ICNews.

domingo, 8 de abril de 2012

NAMORO POR INTERNET



Entrou na internet, ficou fascinada pelas redes sociais. Fazer amigos em todos os lugares do mundo. A época de globalização exige isto – dinamismo, contatos, novos horizontes. Até casamento. Estava tão entusiasmada!

Trocou mensagens com um rapaz tão simpático. Ele perguntou se ela era linda daquele jeito ou se a foto era photoshop. E ela se sentiu a mulher mais linda do mundo. Foi honesta, a foto era verdadeira.

Falando e falando... Ele disse que queria conhecê-la, mas lamentavelmente ele trabalhava numa empresa do governo de Portugal e tinha um cargo importante. Não podia falar sobre isso. Mas, se ela pudesse ir até a cidade de Lisboa, ele poderia arranjar algum tempo livre para levá-la aos melhores lugares. A moça achou a proposta interessante, mas... Ele insistiu. Insistiu. Ela decidiu que viajaria no Carnaval.

Ele disse que conhecia uma empresa de turismo muito boa em Curitiba. Amigos de amigos. De confiança. Fabíola se deixou convencer. Foi até a agência de viagem que o José Joaquim indicou e realmente foi muito bem recebida. Comprou pacote incluindo passagem área ida e volta e hotel.

– Podemos incluir alguns tours para que conheça a cidade.
– Não preciso! Um rapaz que mora lá vai me acompanhar. Talvez comecemos um namoro.
A funcionária sorriu.
Fabíola viajou. A viagem foi ótima, o hotel maravilhoso, mas o rapaz não deu sinal de vida. Nos três primeiros dias, ficou no hotel esperando uma ligação. Não aconteceu. Ela ligou para o número que ele lhe dera, mas ninguém atendeu.
Estava deprimida, pensando que algo ruim devia ter acontecido a esse maravilhoso rapaz. Algo muito ruim para ele não vir até o hotel, nem ligar, nem responder e-mails, nem fazer contato pela internet.

A recepcionista a viu tão desiludida, tão triste, que sentiu pena dela:
– Você é jovem, divirta-se. Tem outras pessoas no mundo.

– Mas eu vim aqui por ele, pelo José Joaquim.

– Minha querida... – disse por fim a recepcionista. - você não é a única. Esse rapaz nem mora em Portugal. Ele mora no Brasil mesmo e usa nome falso na internet. Na realidade ele ganha a vida desse jeito. Recebe comissão das passagens que consegue vender.

Fabíola terminou anotando alguns tours para conhecer a cidade e falar com outras pessoas, mas não conseguiu mesmo um namorado! Está noivando e com data marcada para o casamento.
– Afinal aquele canalha me trouxe sorte! – escreveu no seu blog.

Isabel Furini é escritora e palestrante, orienta a oficina “Como escrever um livro” no Solar do Rosário.

sábado, 7 de abril de 2012

CASAL GRÁVIDO (Crônica)

O casal feliz, de mãos dados, abre a porta de vidro, entra no prédio e encontra dona Belinda, a idosa do primeiro andar, sentada numa poltrona da recepção olhando para fora, enquanto o porteiro lê o jornal. – Tudo bem? 

– Felizes, dona Belinda, estamos grávidos. 

 A senhora Belinda olha um pouco confusa e retruca: – Quer dizer que você está grávida, Leonor? 

– Não, isso é coisa antiga, agora é o casal que está grávido. 

 – Os dois estão grávidos? Homens também ficam grávidos? – pergunta dona Belinda com os olhos esbugalhados. 

– Também! – Leonor exclama risonha e olha para o maridão com aquele rosto de “ele é o melhor do mundo, ele é um príncipe” que, geralmente, vai esmaecendo aos poucos e transformando-se num olhar mais parecido com “bem que minha mãe falou para não me casar com ele. Casei com um sapo”. 

– E homem pode ter enjoo matinal? – pergunta dona Belinda levantando-se trabalhosamente da poltrona. 

– Pode. 

A velha pega a bengala, depois olha o casal, mexe a cabeça para os lados e com raiva murmura: – Então eu quero ver um homem morrer no parto. 

* Isabel Furini – é escritora, consultora literária e palestrante – 

Orienta a oficina Como Escrever Livros no Solar do Rosário

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