sexta-feira, 17 de maio de 2013

ROSAS (Crônica)



Os anos passaram e o marido de Marisa parecia indiferente, já não mais morria de ciúmes. Até que um dia ele descobriu num canto da lavanderia, rosas vermelhas com um cartão: Amo você. Assinado: “Reginaldo”. Reginaldo? O vizinho? O vizinho está enviando flores para minha esposa? Cretino! João ficou desesperado.  Chegava cedo do trabalho e vasculhava os e-mails do computador buscando algum texto comprometedor.

Um dia encontrou o vizinho sentado no jardim, fumando. João avançou com o punho fechado.  O homem correu para sua casa, mas João, furioso, foi atrás dele. Reginaldo colocou a chave na fechadura, enquanto repetia: Você não entende... não é como você pensa, vizinho. João nem escutou e lhe deu vários socos no nariz.
            
A irmã de Marisa ligou preocupada: “Encontrei sua vizinha fofoqueira, a Ritinha, e ela falou que  seu marido pensa que você tem um amante.”

Marisa, feliz, confessou: “Querida, paguei R$1.000 ao vizinho maconheiro  para que mandasse flores, e mais R$ 2.000 para reconstruir o nariz dele, mas valeu cada centavo, querida.”

Isabel Furini é escritora e poeta premiada. Contato: isabelfurini@hotmail.com


MINICONTO: Beleza?


- Estive no salão de beleza – fala a avó.  A neta olha fixamente a cara da sexagenária e grita: “Eles roubaram o seu dinheiro, vó... roubaram mesmo! 

Isabel Furini é escritora e poeta premiada.

Vânia, a Vaidosa da Turma


            Existem vaidosos em todas as áreas. E como são chatos, não é verdade? Só falam de si mesmo e elogiam a própria obra sem  aceitar crítica nenhuma. Esse é o caso de Vânia,  que participou  de uma oficina de literatura, leu dois ou três livros sobre a Arte de Escrever e lá está ela sentindo-se uma estrela!    
O orientador da turma criticou-a. Uma aluna que participa da oficina e  gosta de discordar para mostrar que existe, lançou a frase fatal: “Ela tem o estilo de Prous". Vaninha parecia flutuar. Era isso!.. orgulhosa, dizia que era de linha proustiana”.  Interessante a afirmação, porque Vaninha nunca lera os livros de Proust.
            O tempo foi passando e a vaidade de Vaninha aumentou. “Eu utilizo o monólogo interior, a narração labiríntica, vejam o foco narrativo da segunda pessoa...  Um dia, um editor visitou a Oficina. Todos tiveram a oportunidade de ler um conto. O editor elogiou o esforço dos alunos e escolheu os contos de Talita para publicação.
            Vaninha sentiu-se ofendida. Eu escrevo igualzinho a Proust - esbravejou. O editor, é preciso dizer que havia lido a obra completa de Proust,  sarcástico, retrucou:
            - Moça, seus contos se parecem com os de Proust como uma azeitona se assemelha com uma melancia!
            Vaninha abandonou a oficina. Mas ainda escreve e segundo suas própria palavras: “até Proust foi rejeitado pelos editores de sua época... um gênio nunca é compreendido...”

Crônica de Isabel Furini - Contato: livrocoruja@yahoo.com.br
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