quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A OFENSA (Crônica)


Seu Geraldo voltava para casa depois de um dia de trabalho. Ao chegar à esquina, um carro o fechou. Geraldo colocou o pé no freio, o outro continuou e estacionou na porta da casa do vizinho. Ele sabia que o carro não era do vizinho, e para mostrar seu desgosto pelo fato, estacionou na frente do outro carro, desceu e aproximou-se dele. Não conseguiu ver o motorista pelo vidro escuro, mas assim mesmo gritou: “Palhaço, fechar-me numa rua tranquila como esta, você só pode ser um palhaço. Palhaço mesmo”!

Abriu-se a porta do carro e saíram dois homens  com sapatos enormes, roupas coloridas, narizes redondas de plástico, rostos pintados de branco e perucas azuis. Um deles disse:  “Desculpe-me eu sei que errei, estava nervoso com o horário, mas não precisa me ofender. Ser palhaço é meu ganha-pão e é um trabalho honesto”.

Só nesse momento, Geraldo reparou que havia festa na casa do vizinho. O menino saiu à porta e gritou contente: “Mamãe, chegaram os palhaços, chegaram”!

Geraldo, acanhado, disse: “Bom trabalho, senhores”.

Isabel Furini é escritora e poeta premiada.

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