quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

AMOR UNIVERSAL NA LÍNGUA (Crônica)


É assim como uma amiga chama o fato de escrever frases positivas, repetir, enviar por e-mail, pelo Twitter, pelo Facebook, de maneira quase obsessiva, mas não resistir a uma opinião diferente. Muito amor, muita paz, muita boa vontade, até que alguém expresse uma ideia contrária a deles, nesse momento “o amor universal” que estava na língua cai fora e aparece o verdadeiro eu, com suas raivas, frustrações e limitações.

Pessoalmente acho invasivo alguém bombardear o e-mail e a página nas redes sociais de outra pessoa para divulgar as próprias ideias, sejam religiosas, políticas ou positivas. É o fanatismo de querer impor uma maneira de pensar aos outros. A máscara pode ser o amor universal, mas atrás da máscara está o desejo de impor um determinado ponto de vista.

Isso me faz lembrar uma tira cômica que vi há algum tempo. O primeiro desenho mostra dois grupos de pessoas em lados opostos de uma rua, ambos os grupos com cartazes dizendo “Paz”. No segundo momento, os dois grupos se encontram e brigam porque cada grupo acha que está divulgando a verdadeira paz.

Enfim, nesta época, além da ditadura da beleza, temos que suportar a ditadura da felicidade… Sim, porque há pessoas que exigem que os outros sejam felizes o tempo todo, como se isso fosse possível. Mas é só mexer um pouquinho na tinta das letras para ver o eu humano, limitado, frágil, impermanentemente buscando o carinho, a aprovação ou simplesmente o aplauso.

* Isabel Furini é escritora e poeta premiada, autora de "Escrevendo Crônicas: Dicas e Truques".

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