sábado, 23 de fevereiro de 2013

OS SEIOS DE DONA RUPERTA

 

OS SEIOS DE DONA RUPERTA


A moradora do 7.º andar, muito faladeira, decidiu arriscar uma cirurgia estética.  Queria diminuir os seios.  Poupou durante alguns meses, enquanto informava a todos os vizinhos sobre sua decisão. Falava da cirurgia dos seios no elevador, nos aniversários, nas reuniões de condomínio. Não tinha ninguém no prédio que não soubesse que  dona Ruperta iria diminuir os seios.

Por fim chegou a data esperada e  dona Ruperta foi, feliz, a “recuperar a esbeltez” segundo suas próprias palavras. Dias depois estava sorridente sentada na recepção do prédio contando ao porteiro e a qualquer vizinho que tivesse paciência para escutá-la, os detalhes da cirurgia e mostrando como tinha ficado “outra, mais moça, mais elegante”.

Sandra voltava de ministrar aulas, um pouco cansada. Sentou-se a lado da dona Ruperta escutando, mais por educação que por interesse, sua conversa mole ...

De repente, Carlinhos desceu as escadas, com um aviãozinho na mão. Movimentou o aviãozinho, fingiu que estava voando, pulou os últimos três degraus, rolou no chão. Depois levantou-se e sentou ao lado da Sandra, na recepção. Olhou para Dona Ruperta que de pé diante do espelho permanecia admirando seu novo visual e autoelogiando-se: “Minha figura mudou, estou muito mais jovem, mais magra....”
-  Não importa quanto gastei... comentou encarando a Sandra,  meus seios ficaram tão bonitos que valeu a pena.

Carlinhos aproximou-se dela, olhando-a fixamente.
- É verdade, dona Ruperta, agora ficou sem peito - afirmou o Carlinhos -  mas que bunda, hein?

Isabel Furini é escritora e poeta premiada

A FOFOQUEIRA (Crônica de Humor)


Durante três dias, Raquel, a fofoqueira do bairro, observou a vizinha Valéria que morava na casa antiga, na frente da sua. Rua sem saída. Os vizinhos comentavam que Valéria havia enlouquecido. Fazia três anos que perdera o marido e um ano da morte da mãe.  Valéria passou muito tempo de luto e tristeza. Dois meses atrás, havia se aventurado numa viagem turística ao Nordeste, junto com uma prima. Voltou de bom humor, mas nos últimos dias falava sozinha, gesticulava, ria... Teria alguma visita?
Nesta tarde de sábado, Valéria ria muito.

-  Ela enlouqueceu!.. - gritou  Raquel.  - Venha, querido, venha e olhe... O marido relutou um pouco, mas como a esposa continuava: Venha... venha... ele deixou o jornal e levantou-se, com dificuldade, da poltrona onde estava esparramado. Aproximou-se da janela. Olhe lá, olhe, João, parece que está falando com alguém.. mas Valéria está sozinha desde que a mãe morreu. Falarei com ela. Talvez precise de um médico... de um psiquiatra... de terapia...

 Raquel pegou o telefone:  - Olá,Valéria? Você está bem?

- Feliz com meu noivo nordestino – respondeu rindo Valéria.
Raquel, curiosa, continuou a espiar pela janela. Querido, venha, venha ver... venha, por favor... O marido novamente deixa o jornal de lado e se aproxima a passos vagarosos até a janela.
- Olhe, disse a mulher... Valéria fala e ri... sozinha....
- Sozinha, não! Com seu noivo imaginário, ironiza o marido. Volta a sentar-se na poltrona e pega o jornal.
- Eu vou falar com ela – enfatiza Raquel.

Minutos depois, Raquel aperta com força a campainha.  A porta se abre.
 – Este é Armando, meu noivo... - grita Valéria da cozinha.  Só nesse momento Raquel repara no anão de pijama azul, na ponta dos pés, segurando-se na maçaneta da porta. Sorridente, o anão a convida a entrar. Raquel fica paralisada ao lado da porta.
Armando insiste. - Sente-se, vizinha, pode pegar um pedaço de bolo. Eu mesmo fiz...

- Aqui está o chá mate!... – disse contente Valéria. Coloca a chaleira na mesa, agacha-se e abraça o anão. Ele, sempre sorridente, dá um beijão na boca da namorada. Depois sobe na escadinha que está ao lado da mesa e serve um pedaço de bolo para dona Raquel.

Raquel, sem palavras, senta-se na cadeira e pega o pratinho com o bolo, acanhada, não sabe o que dizer. Os três ficam em silêncio.
Raquel, tentando ser agradável pergunta: - É bolo de laranja?

No dia seguinte, Raquel falava com Adelaide, a velhinha do sobradinho amarelo, quando vê passar, Valéria, de mãos dadas com Armando. Os dois, sorridentes, cumprimentam e continuam seu passeio.

Sem poder conter-se, Raquel murmura para Adelaide: Como ela pode sair com um homem tão pequeno?

A velhinha, muito jocosa, emenda: Segundo ouvi dizer, Armando é pequeno só de estatura, dona Raquel, só de estatura...

Isabel Furini é escritora e poeta premiada.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Oficina Como Escrever Crônicas


SOLAR DO ROSÁRIO
FONE: (412) 3225-6232.


Professora: ISABEL FURINI

Data: Dias 19, 20 e 21 de Fevereiro de 2013
Horário: Das 17h às 19h30
Preço: R$ 220,00  + Inscrição: R$ 35,00
Dia(s) Semana: 3ª, 4ª e 5ª


PÚBLICO ALVO
PÚBLICO ALVO
Todas as pessoas que desejam escrever as histórias escondidas na mente. Aos que desejam explorar a escrita e conhecer os fundamentos da crônica.

METODOLOGIA
. Estudos.
. Leitura, análise e discussão de crônicas
. Exercícios de escrita.
. Leitura dos textos escritos na oficina.

PROGRAMA
I.- a) Estudos: A crônica. Estrutura e modalidades. O escritor como receptor e emissor. O baú da mente. Como explorar palavras, situações e imagens para aumentar a criatividade?
b) Leitura de uma crônica de autor consagrado com análise e debate.
c) Exercício: escrever uma crônica baseado em imagens.
d) Leitura dos textos escritos na oficina.


II.Estudos: Ponto de vista. Construção de personagem. Construção de personagens: retrato, ações e diálogos na crônica.
b) Leitura de uma crônica de autor consagrado. Análise e debate.
c) Exercício: escrever baseado em vivências.
d) Leitura dos textos escritos na oficina.


III.Estudos: A crônica como gênero ágil, divertido e questionador. A mensagem. Modalidades. A crônica como espelho do mundo.
b) Leitura de uma crônica de autor consagrado. Análise e debate.
c) Exercício: escrever baseado em vivências.
d) Leitura dos textos escritos na oficina.

Professora: ISABEL FURINI - Autora de "Eu quero ser escritor - A crônica".odas as pessoas que desejam escrever as histórias escondidas na mente. Aos que desejam explorar a escrita e conhecer os fundamentos da crônica.

METODOLOGIA
. Estudos.
. Leitura, análise e discussão de crônicas
. Exercícios de escrita.
. Leitura dos textos escritos na oficina.

PROGRAMA
I.- a) Estudos: A crônica. Estrutura e modalidades. O escritor como receptor e emissor. O baú da mente. Como explorar palavras, situações e imagens para aumentar a criatividade?
b) Leitura de uma crônica de autor consagrado com análise e debate.
c) Exercício: escrever uma crônica baseado em imagens.
d) Leitura dos textos escritos na oficina.


II.Estudos: Ponto de vista. Construção de personagem. Construção de personagens: retrato, ações e diálogos na crônica.
b) Leitura de uma crônica de autor consagrado. Análise e debate.
c) Exercício: escrever baseado em vivências.
d) Leitura dos textos escritos na oficina.


III.Estudos: A crônica como gênero ágil, divertido e questionador. A mensagem. Modalidades. A crônica como espelho do mundo.
b) Leitura de uma crônica de autor consagrado. Análise e debate.
c) Exercício: escrever baseado em vivências.
d) Leitura dos textos escritos

A GAIVOTA MARIETA (Conto com fotografias)


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

ROSAS (Crônica)


Os anos passaram e o marido de Marisa já não mais morria de ciúmes. Até que um dia 
descobriu num canto da lavanderia, rosas vermelhas com um cartão: Amo você. Assinado: 
“Reginaldo”. 

Reginaldo? O vizinho? O vizinho está enviando flores para minha esposa? Cretino!
 João ficou desesperado.  Chegava cedo do trabalho e procurava nas gavetas por alguma carta, 
por algum sinal de  adultério.

Um dia encontrou o vizinho na rua e avançou com o punho fechado.  O homem correu para sua 
casa,  mas João, furioso, foi atrás dele. Reginaldo colocou a chave na fechadura, enquanto repetia: 
- Você não entende... não é como você pensa, vizinho. João nem escutou e lhe deu vários socos 
no nariz.

            A irmã de Marisa ligou preocupada: “Encontrei sua vizinha fofoqueira, a Ritinha, e ela falou que  
seu marido sabe que você tem um amante.”

Marisa, feliz, confessou: “Querida, paguei R$1.000 ao vizinho desempregado para que mandasse
 flores, e mais R$ 2.000 para a cirurgia, mas valeu cada centavo. Meu marido me ama 
novamente.”
Isabel F. Furini é escritora e palestrante,

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A difícil arte de viver



Aprender a viver é muito difícil.
Ter confiança e coragem para tomar decisões e realizá-las.
Ter firmeza para dizer "não" quando essa palavra é necessária.
Diante de qualquer entrave conseguir pensar : "Essa é uma luta para quebrar brinquedo, não é parte da grande preparação”.


E neste mundo de brinquedos, de jogos, de falsidade, de vaidade, no qual parece fundamental mostrar que somos felizes, sempre felizes, de dia e de noite, como se o mundo fosse um parque de diversões e os seres humanos deuses imortais, sempre alegres, sorridentes, sem perguntas e sem respostas, (bonecos alegres e indiferentes ao sofrimento do mundo), vamos ler essa bela página da Bíblia:
TEMPO PARA TUDO
Tudo neste mundo tem seu tempo;
cada coisa tem sua ocasião.

Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar:
tempo de chorar e tempo de dançar;
tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las;
tempo de abraçar e tempo de afastar;
(...) Eclesiaste 3, 1-8

Isabel Furini é escritora e poeta premiada.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

NUA? Miniconto de Isabel Furini


La Maja vestida - de Goya.



NUA?
 Acordo. Estou sozinha. ¡Ah! Espreguiçar-me. Mexer-me.  Estou cansada. Sempre deitada, braços
levantados, mãos na cabeça. Postura  incomoda...    Encerrada nesse quadro durante  anos. Meu nome?
Quem sou?   Assomarei a cabeça  para ler a etiqueta. Goya.  Lembro-me dele. Mas, quem sou eu?

 Una pintura?Aproximam-se dois homens de uniforme. – Ótimo ser guardião do Museu – fala o gordo.
Estou no Museu, preciso de roupa.  O frio congela meu cérebro. Pularei já. Ay! Chão frio. Doem as
articulações.O gordo grita: – Invadiram! Desapareceu a Maja.

Lembrou meu nome: Maja. Luzes estranhas! ruídos infernais O gordo grita:você roubou a Maja. Não! Eu sou Maja. Falam que sou louca? Por que? Por que?...
Miniconto de Isabel Furini

"La Maja desnuda" de Goya.


"La Maja desnuda" de Goya.
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